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Dez perguntas sobre o novo coronavírus respondidas

Texto publicado em 28/02/20 e atualizado em 13/03/20. 

Na última quarta-feira, dia 26, o governo brasileiro confirmou o primeiro caso do novo coronavírus no país. A notícia foi anunciada em meio ao cenário mundial de crescentes casos registrados fora da China, área de origem e transmissão local da doença. Atualmente, a epidemia atinge 37 países, somando mais de 80.000 infecções confirmadas.

Para orientar sobre a prevenção, esclarecer dúvidas e tranquilizar a população brasileira sobre o COVID-19, o HSC Blumenau conversou com a médica infectologista da instituição, Dra. Fernanda Arns de Castro. Confira abaixo as principais dúvidas, respondidas hoje, dia 28/02, pela especialista:

Qual a origem do novo coronavírus?

 Segundo Arns, ele é um vírus conhecido, que esteve em circulação no mundo em algumas ocasiões. “Os coronavírus são uma classe de sete vírus que passam por pequenas mutações. Assim, três deles podem gerar síndromes respiratórias: SARS-CoV, MERS-CoV e, agora, o SARS-CoV-2, causador do COVID-19”, explica ela.

Em dezembro do ano passado, já havia diversos casos de pneumonia notificados na cidade de Wuhan. Porém, sem registro de patógeno causador da doença. Em janeiro é que a grande chance de contaminação foi percebida pelas autoridades chinesas. Portanto, a denominação pode ser “2019-NCOV” ou mesmo “novo coronavírus”.

Como acontece a transmissão?

 Assim como diversos vírus de infecção respiratória, a transmissão acontece através de gotículas ou contato com saliva. Então ao falar muito próximo, tossir, espirar ou ter contato com secreções do nariz e boca e apertar a mão ou cumprimentar outra pessoa, as chances de contágio são maiores.

Apesar disso, a infectologista explica que não é em qualquer interação que o vírus pode ser transmitido. “Contato próximo é estar por, no mínimo, 30 minutos, a dois metros de um paciente com suspeita de infecção. Portanto, o conceito inclui permanecer mesma sala ou área fechada”, esclarece.

Quais as medidas de prevenção?

A principal medida de prevenção continua sendo a higienização das mãos. Segundo Fernanda, o aperto de mão, por si só, não oferece riscos. “Agora, se eu espirar na minha mão, apertar a sua e você levá-la ao seu nariz ou boca, a transmissão pode sim acontecer”, explica ela. Por isso, indica-se manter a etiqueta da tosse.

Assim, a mesma situação acontece quando há compartilhamento de copos e talheres. Por isso, o álcool em gel é um importante aliado. “Para prevenir a transmissão do vírus, ele deve ser sempre o nosso melhor amigo. O álcool em gel tem que estar na bolsa, na mesa do trabalho, nos restaurantes”, orienta a infectologista.

Álcool em gel ou água e sabão?

Segundo Fernanda, ambos têm o mesmo efeito. A diferença é que, com o álcool em gel, garante-se mais praticidade no dia a dia. “Mas se houver uma pia com água e sabão próximos, a higienização também deve ser feita. Assim, as mãos ficam limpas e é possível realizar os trabalhos normalmente”, reforça.

https://www.youtube.com/watch?v=zuhzmFDnBsk&app=desktop

Estudos recentes constataram que o COVID-19 pode sobreviver por até nove dias em superfícies. Por isso, higienizar os locais de contato frequente é essencial para evitar a contaminação. Afinal, não adianta ter as mãos limpas e a mesa do trabalho infectada após um espirro.

https://www.youtube.com/watch?v=omkiVox2EmY&app=desktop

Quais são os principais sintomas?

 A infectologista do HSC Blumenau orienta que, primeiramente, é preciso manter a tranquilidade, mesmo diante do atual cenário mundial. “Só temos um caso do COVID-19 no Brasil. Então, quaisquer sintomas respiratórios, como a falta de ar, febre e dor no corpo devem ser analisados com calma”, esclarece ela.

Portanto, até o momento, pode-se cogitar a infecção pelo novo vírus somente se o paciente viajou para países que estão em monitoramento ou teve em contato próximo com caso suspeito ou confirmado. Caso contrário, a especialista explica que pode ser qualquer outro vírus respiratório fazendo a infecção neste paciente.

Quem corre mais risco, crianças ou adultos?

Normalmente, crianças são mais suscetíveis porque o sistema de defesa está em formação. Porém, até o momento, casos nesta faixa etária são raros. Fernanda aponta que a mortalidade de pacientes infectados com até 49 anos e que não possuem doenças associadas é de apenas 1%.

“A taxa vai aumentando conforme a idade e quantidade de doenças que a pessoa possui. Por exemplo, um idoso de 90 anos com pressão alta, problemas no coração e pulmão já tem a sua imunidade debilitada. Portanto, aumentam as chances de complicações da infecção”, esclarece a infectologista.

O coronavírus tem cura?

Até o momento, não existe medicação específica para o tratamento do COVID-19. Entretanto, sabe-se que a doença não possui alta letalidade, com taxa de 2% a 3%. O sarampo, por exemplo, tem números três vezes maiores, com 15%. Fernanda afirma que é preciso esperar o corpo se recuperar para conseguir a cura do vírus.

O Brasil está preparado para esta doença que se espalha pelo mundo?

Para Arns, a resposta é positiva. “Atualmente, temos acesso a muitas informações, então os sistemas de saúde já estão se preparando. O estado conta com diversos leitos e todos os hospitais com UTI em Santa Catarina são referência no atendimento”, esclarece a infectologista.

Inclusive, no dia último dia 27, quinta-feira, o Hospital Santa Catarina de Blumenau reuniu o corpo clínico para esclarecer protocolos e capacitar toda a equipe. Assim, a orientação é para o uso de máscaras cirúrgicas em pacientes com sintomas respiratórios. Além disso, até o momento, está sendo feita a precaução por contato.

Como tratar o paciente infectado?

Se a pessoa infectada não apresenta sintomas que a obriguem a ficar internada, não há problema em encaminhá-la para casa. Porém, a infectologista frisa que o contato com outras pessoas não deve acontecer. “O indicado é permanecer isolado em casa, com as janelas abertas e em ambientes arejados”, finaliza Fernanda.

Há teste rápido disponível no Brasil?

No país ainda não. Os resultados dos testes realizados por pessoas com suspeita da doença demoram, em média, 15 dias para ficarem prontos. Após treinamento realizado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e o Ministério da Saúde, 12 laboratórios públicos de 12 estados estão aptos para realizar o teste para a detecção do vírus.

Hoje, sexta-feira, dia 13 de março, um teste automatizado que detecta casos de coronavírus de forma mais rápida foi aprovado nos Estados Unidos. Segundo matéria publicada pelo EXAME, a agência Bloomberg afirma que tecnologia é capaz de aumentar a velocidade de detecção em até dez vezes em comparação ao teste mais comum.

 

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