Dia Mundial Sem Tabaco: Os perigos do tabagismo
Em 31 de maio, comemora-se o Dia Mundial Sem Tabaco. A data foi criada em 1987 pela Organização Mundial da Saúde (OMS). O objetivo é alertar sobre as doenças e mortes evitáveis relacionadas ao cigarro. Neste ano, o tema escolhido foi “O tabaco e a Saúde Pulmonar”, com foco no impacto negativo que o uso do tabaco e a exposição ao fumo passivo exercem sobre saúde. No Brasil, o Instituto Nacional do Câncer (Inca) é o órgão responsável pela divulgação e comemoração.
Doença epidêmica geradora de dependência física, psicológica e comportamental, o tabagismo é a principal causa de morte evitável em todo o mundo. De acordo com a OMS, 63% dos óbitos relacionados às doenças crônicas não transmissíveis são causados pelo fumo. Por ano, em todo o mundo, sete milhões de pessoas morrem por causa do cigarro. Mais de seis milhões destas mortes são de fumantes ativos.
Segundo dados divulgados pela OMS, em 2018 o Brasil ocupava o oitavo lugar no ranking de número absoluto de fumantes. Em números, isso representa aproximadamente 11 milhões de homens e sete milhões de mulheres. Por dia, 428 pessoas morrem no país por causa da dependência de nicotina, de acordo com informações do Inca. Estima-se que R$ 56,9 bilhões são perdidos a cada ano devido a despesas médicas e redução de produtividade.
Do que é feito o cigarro
A composição de um cigarro possui mais de quatro mil substâncias tóxicas. Entre elas a acetona, o formol, a naftalina, a amônia e o fósforo p4/p6, substância usada em veneno de ratos. Além disso, ele também possui solvente, substâncias radioativas, como o Polônio 210, resíduos de agrotóxicos e metais pesados, como o chumbo e o cádmio. Contudo, a substância mais mortífera do tabaco, causadora de câncer e responsável direta pela dependência do fumo, é a nicotina.
Depois de atingir o cérebro, a nicotina libera substâncias que estimulam a sensação de prazer. Ela também modifica o emocional e o comportamento do fumante, da mesma forma que ocorre com o álcool, por exemplo. Com o uso contínuo, o cérebro passa a precisar de doses cada vez maiores para manter o mesmo nível de satisfação do início, assim gerando a dependência.
Consequências da exposição ao tabaco
Além de ser o responsável por mais de dois terços dos casos de câncer de pulmão, mundialmente, o tabagismo também gera tumores na boca, laringe, faringe, esôfago e estômago. Além do pâncreas, fígado, rim, bexiga, colo de útero e leucemia. O fumo frequente também aumenta as chances de tuberculose, doença infecciosa que, se não tratada, pode ser fatal. Isso porque ela é transmitida pelo ar e pode atingir todos os órgãos do corpo.
Principal causador da Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC), o uso de cigarro na juventude atrapalha o desenvolvimento dos pulmões. A doença, sem cura, é constituída por bronquite crônica e enfisema pulmonar e tem sintomas como dificuldade de respirar, muco nos pulmões, tosse, dor torácica e cansaço. Da mesma forma, fumantes com condições asmáticas também sofrem com a piora dos sintomas da doença.
Além da relação direta com o aparecimento de câncer e dos problemas relacionados ao pulmão, o consumo do tabaco também aumenta as chances de doenças cardiovasculares. Entre elas, ataques cardíacos, hipertensão arterial, aneurisma, trombose e acidentes vasculares cerebrais. Mesmo os não fumantes, mas que inalem fumaça de qualquer substância de um fumante, correm risco de desenvolver doenças. São os fumantes passivos.
Tratamento da dependência
A medida mais eficiente para a dependência da nicotina é justamente reduzir o consumo de tabaco e a exposição ao fumo passivo. Dessa forma, é possível parar de fumar gradualmente, com redução aos poucos. Contudo, é possível que a pessoa se acostume e não abandone o vício. Na maioria das vezes, o método de abandono imediato é mais eficiente e acontece a partir do dia que não se coloca mais o cigarro na boca.
Nesse sentido, o maior desafio para quem quer parar de fumar são as recaídas. De acordo com um estudo apresentado no congresso da Society for Research on Nicotine and Tobacco, cerca de 30% dos fumantes em tratamento voltam a fumar nos três primeiros meses. Vencida esta etapa, o índice cai para 17% a 20% no período de um ano. Após 12 meses, o número despenca para 1,5%. É importante lembrar que as recaídas não devem ser consideradas como fracasso, mas como recomeço.
Ainda há a possibilidade de fazer o tratamento gratuito pela rede pública de saúde. Desde 2002, o Ministério da Saúde, por meio do Inca, e as secretarias de saúde, oferecem consultas individuais e sessões de grupo de apoio. Também são fornecidos medicamentos gratuitos. Para saber se existe o tratamento na sua localidade, ligue para o número 0800 61 1997 do Inca, órgão responsável pelo Programa Nacional de Controle do Tabagismo (PNCT).
Ações nacionais e internacionais para o combate e prevenção
Ainda no sentido de reduzir a demanda e o suprimento de produtos derivados do tabaco, a Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco da OMS entrou em vigor em 2005. A partir da data, foram listadas uma série de medidas de prevenção e combate. Entre elas, o aumento de preços e impostos sobre produtos de tabaco, a proteção das pessoas da exposição à fumaça e a proibição da sua publicidade e patrocínio. Além da exigência de advertências de saúde nas embalagens.
No Brasil, a Divisão de Controle do Tabagismo implementa as medidas da Convenção-Quadro no SUS. Ela também é responsável pela coordenação do Programa Nacional de Controle do Tabagismo (PNCT). Dessa forma, as campanhas de saúde pública e as medidas propostas pela OMS têm produzido efeitos. Nos últimos 25 anos, o país reduziu pela metade o número de fumantes. De acordo com o Ministério da Saúde, o percentual caiu de 29% para 12% entre homens e de 19% para 8% entre mulheres.
Contudo, ainda segundo a OMS, o ritmo de ação na redução do tabagismo está lento. Isso se levarmos em conta a demanda por tabaco e o número de mortes e doenças. Os compromissos globais e nacionais buscam reduzir o uso do cigarro em 30% até 2025 entre pessoas com 15 anos ou mais. Se a tendência mundial continuar, somente em 2025 será alcançada a redução de 22%.
Campanha HSC Blumenau: “Partiu Saúde. Cigarro? Tô fora!”
Como forma de demonstrar seu apoio à causa e promover saúde, nós do HSC Blumenau, desenvolvemos todos os anos campanhas no Dia Mundial do Tabaco. Com o tema “Partiu Saúde. Cigarro, tô fora!”, neste ano o foco foram os jovens. A justificativa é que, segundo dados do Inca, 80% dos fumantes começam a fumar antes dos 18 anos. Por isso, assumimos o compromisso de esclarecimento dos fatores de risco e a prevenção.
Fontes: Organização Mundial da Saúde (OMS), Instituto Nacional de Câncer (Inca) e Ministério da Saúde.